A surdez ocupacional é uma condição séria e muitas vezes silenciosa que pode afetar milhares de trabalhadores ao redor do mundo. A exposição contínua a ruídos elevados no ambiente de trabalho pode, com o tempo, levar à perda auditiva irreversível, impactando não apenas a vida profissional, mas também o bem-estar e a qualidade de vida do indivíduo.
Mas você sabe quais são os principais fatores ocupacionais que causam a surdez? E como prevenir essa condição? Continue a leitura e saiba mais sobre como proteger a saúde auditiva no trabalho.
Fatores Ocupacionais que Causam Surdez
Surdez ocupacional é uma perda auditiva causada pela exposição prolongada a ruídos altos no ambiente de trabalho. Esse tipo de surdez é irreversível e uma das doenças ocupacionais mais comuns, especialmente em setores onde o nível de ruído é elevado, como na construção civil, indústria e agricultura.
Principais Fatores Ocupacionais que Causam Surdez:
- Exposição a Ruídos Altos: Máquinas, ferramentas e equipamentos que operam em altos decibéis são as principais fontes de risco para a audição.
- Substâncias Ototóxicas: Certos produtos químicos, como solventes, metais pesados e pesticidas, podem causar danos ao sistema auditivo. Essas substâncias ototóxicas afetam as células sensoriais do ouvido interno, aumentando o risco de perda auditiva.
- Vibração Excessiva: A exposição a vibrações contínuas, típica de operações com equipamentos pesados, também afeta a audição. A vibração pode prejudicar tanto o ouvido interno quanto o nervo auditivo, contribuindo para a surdez.
- Uso de Equipamentos Sem Isolamento Acústico Adequado: Trabalhar em locais com máquinas que não possuem isolamento acústico ou sem equipamentos de proteção auditiva pode aumentar o dano auditivo, já que o trabalhador fica diretamente exposto a níveis de ruídos perigosos.
A combinação desses fatores torna-se essencial para a implementação de medidas de prevenção, como o uso de protetores auriculares, o monitoramento dos níveis de ruído e a realização de exames periódicos para evitar a surdez ocupacional.
Limites de Tolerância para Exposição ao Ruído
O limite aceitável para exposição a ruído contínuo ou intermitente não deve ultrapassar 85 dB(A) para uma máxima permissão de exposição diária de 8 horas. À medida que o nível de ruído aumenta, o tempo de exposição permitido diminui – a 115 dB(A), o tempo máximo de exposição é de apenas 7 minutos. A NR 15 estabelece que a exposição a níveis de ruído acústico superiores a 115 dB(A) não é permitida a trabalhadores que não sejam protegidos.
Atividades que colocam os funcionários em contato com ruídos acima de 115 dB(A) sem a proteção adequada e por mais de 7 minutos são consideradas de risco grave e iminente. Além disso, conforme a norma brasileira, o limite de tolerância para ruído de impacto é de 130 dB (linear). Nos intervalos entre os picos de ruído, o nível sonoro deve ser considerado como contínuo.
Exames Obrigatórios para Monitoramento da Saúde Auditiva
A saúde auditiva no trabalho deve ser monitorada regularmente, especialmente em ambientes de alto risco para surdez. As empresas deverão realizar o exame de audiometria obrigatoriamente para trabalhadores expostos a níveis de ruído elevados, antes da admissão, periodicamente durante o contrato de trabalho e após o desligamento do colaborador.
Dessa forma, esse monitoramento permite detectar precocemente a perda auditiva e atuar de forma preventiva para evitar que ela se agrave. Assim, a realização de exames periódicos é essencial para que as empresas se identifiquem e controlem a surdez ocupacional.
Como Prevenir a Perda Auditiva Ocupacional
A prevenção da perda auditiva ocupacional envolve uma combinação de estratégias e práticas que visam proteger a saúde auditiva dos trabalhadores expostos a níveis de ruído elevados. Aqui estão algumas abordagens práticas:
- Avaliação de Risco: Realizar avaliações regulares do ambiente de trabalho para identificar níveis de ruído e suas fontes. Isso permite implementar medidas de controle adequadas.
- Uso de Equipamentos de Proteção Auditiva: Fornecer protetores auriculares ou abafadores de forma adequada e garantir que os trabalhadores os utilizem corretamente em áreas de risco. A escolha do tipo de proteção deve considerar o nível de ruído e a natureza da tarefa.
- Controle do Ruído na Fonte: Implementar soluções para reduzir o ruído na fonte, como manutenção de máquinas e equipamentos, uso de barreiras acústicas ou isolamento de áreas barulhentas.
- Treinamento e Conscientização: Promover treinamentos regulares sobre a importância da proteção auditiva, riscos associados ao ruído e como usar corretamente os equipamentos de proteção.
- Rotação de Tarefas: Alterar as atividades dos trabalhadores para minimizar o tempo de exposição ao ruído alto. Isso pode envolver a rotação entre tarefas silenciosas e barulhentas.
- Monitoramento da Saúde Auditiva : Realizar exames audiométricos periódicos para monitorar a saúde auditiva dos funcionários, permitindo a detecção precoce de qualquer perda auditiva.
- Ambientes de Trabalho Adequados: Criar ambientes de trabalho que priorizem a redução do ruído, como áreas de descanso silenciosas e medidas de controle ambiental.
Portanto, ao implementar essas estratégias, as empresas podem reduzir significativamente o risco de perda auditiva ocupacional e proteger a saúde auditiva dos seus trabalhadores.
Direitos dos Trabalhadores com Perda Auditiva Ocupacional
A legislação trabalhista brasileira oferece suporte aos trabalhadores que desenvolvem surdez em decorrência de suas atividades ocupacionais. Nos casos de perda auditiva comprovada como resultado do trabalho, o colaborador tem direito ao auxílio-acidente, que é um benefício concedido pela Previdência Social. Sendo assim, esse direito visa fornecer um suporte financeiro ao trabalhador, que pode enfrentar dificuldades para retornar ao mercado de trabalho.
Além disso, é possível o acesso à reabilitação profissional, com o objetivo de inserir novamente o trabalhador em atividades compatíveis com sua condição auditiva.
Adaptação do Ambiente de Trabalho para Colaboradores com Surdez
Adaptar o ambiente de trabalho para colaboradores com surdez é uma prática inclusiva e necessária para garantir a segurança e a produtividade no local de trabalho. Isso pode envolver a instalação de sistemas de comunicação visual, como sinalizadores luminosos, e sinalização diferenciada para emergências.
O que é considerado perda auditiva neurossensorial e como ela ocorre no trabalho?
A perda auditiva neurossensorial é um tipo de deficiência auditiva resultante de danos às células ciliadas do ouvido interno ou ao nervo auditivo. Assim, diferentemente da perda auditiva condutiva, que está relacionada a problemas no ouvido externo ou médio, a neurossensorial afeta a capacidade do cérebro de processar os sons que chegam.
Como Ocorre no Trabalho:
- Exposição a Ruídos Altos: Contato prolongado com níveis elevados de ruído, comuns em indústrias e canteiros de obras.
- Ruídos de Impacto: Sons intensos e abruptos, como explosões, que podem causar trauma acústico.
- Substâncias Ototóxicas: Produtos químicos que afetam as células auditivas e o nervo auditivo.
- Vibrações: Exposição constante a vibrações de máquinas pesadas, aumentando o risco de danos auditivos.
- Fatores Individuais: Predisposição genética e condições de saúde, como diabetes, que podem agravar o risco.
A perda auditiva neurossensorial é irreversível, destacando a importância de medidas preventivas no ambiente de trabalho.
Em suma, a surdez ocupacional é um problema prevenível que requer a adoção de medidas adequadas no ambiente de trabalho, como o cumprimento dos limites de exposição ao ruído, realização de exames periódicos e uso de EPIs. A legislação garante os direitos aos trabalhadores afetados, enfatizando a responsabilidade de proporcionar um ambiente seguro e inclusivo.
Então, prevenir a surdez ocupacional vai além da segurança, refletindo cuidado e respeito pelo bem-estar dos colaboradores. Portanto, a proteção auditiva é essencial para um ambiente seguro e produtivo, permitindo que empresas e trabalhadores colaborem para promover a saúde auditiva e evitar surdez ocupacional.